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Servidores do TJPE são condenados por corrupção; mais de R$ 6 milhões foram desviados

Segundo os autos do processo, que tramitou após investigação da Polícia Civil, em 2024, o montante desviado pelos servidores do Judiciário chega a R$ 6, 4 milhões. Todos estão presos desde 2024

Por Diario de Pernambuco

Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).

Um esquema de confecção de alvarás falsos no Judiciário pernambucano levou servidores do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) a serem condenados por desvio de dinheiro.

Segundo os autos do processo, que tramitou após investigação da Polícia Civil, em 2024, o montante desviado pelos servidores do Judiciário chega a R$ 6,4 milhões. Todos estão presos desde 2024.

Entre os condenados pela Vara dos Crimes Contra a istração Pública e a Ordem Tributária da Comarca de Recife está Esdras David Veras Ferreira.

Ele era o chefe de secretaria na 23ª Vara Cível da Capital e foi apontado como o líder da organização criminosa. Esdras pegou 141 anos de prisão, além de 3.248 dias-multa pelos crimes de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

"Observa-se que 138 alvarás foram expedidos em 18 meses distintos por Esdras, devendo, portanto, serem somadas as penas por 18 vezes", escreveu a juíza Roberta Vasconcelos Franco Rafael Nogueira.

Também foram condenadas três pessoas, incluindo outra servidora do TJPE e companheira de Esdras. Taciana Lima dos Santos pegou 13 anos e dois meses de prisão, além de 190 dias-multa. Segundo a investigação, ela recebeu dinheiro e comprou bens móveis e imóveis. A defesa dela negou as acusações e disse que ela foi enganada por Esdras.

Outro condenado foi Gilson Nogueira da Silva. A investigação apontou que ele movimentou somas expressivas em nome próprio e em favor de Esdras, funcionando como "testa de ferro" do servidor.

A defesa confirmou, à Justiça, que ele participou "da execução de práticas ilícitas consistentes no recebimento e saque de alvarás judiciais emitidos fraudulentamente". Ele pegou 83 anos e 5 meses de prisão, além de 1,782 dias-multa.

Vitor Manoel de Lira Simão também foi condenado. Ele também recebeu valores indevidos e foi apontado pela polícia como um dos operadores financeiros "com movimentação bancária altamente incompatível com sua capacidade econômica".

A pena foi de 22 anos e sete meses de prisão, além de 346 dias-multa. A Justiça determinou, ainda, o pagamento de uma indenização por danos materiais (R$ 6,2 milhões) e danos morais coletivos (R$ 12,4 milhões).

O dinheiro será usado para ressarcir os verdadeiros beneficiários dos alvarás.

 

Investigação

Segundo os investigadores, Esdras usava o cargo e a estrutura do Judiciário para confeccionar alvarás judiciais com uso indevido do nome e da de uma juíza.

Ele inseria como beneficiários integrantes do grupo criminoso, que não tinham vínculo processual com as ações judiciais referidas nos documentos. O esquema teria sido iniciado em 2018.