° / °

Vida Urbana
INSTITUIÇÃO CENTENÁRIA

Porto do Recife: berço da cidade, motor do desenvolvimento

O Porto abriga sete sindicatos portuários, representados na Intersindical, e mantém convênios com universidades como a UFPE, reforçando o papel como agente de formação e pesquisa

Larissa Aguiar

Publicado: 09/06/2025 às 06:31

Porto do Recife/Acervo/DP

Porto do Recife (Acervo/DP)

Fundado oficialmente em 1918, o Porto do Recife é mais do que uma infraestrutura logística: é um equipamento histórico e estratégico de Pernambuco. Ao completar mais de um século de operações, ele renova sua vocação como vetor de crescimento econômico, porta de entrada cultural e referência em inovação.

Por trás dos guindastes, das toneladas de cargas movimentadas anualmente e do vai-e-vem dos navios que cruzam o Atlântico, pulsa uma história que remonta ao próprio nascimento da cidade. O Recife nasceu do Porto ou melhor, de um ancoradouro natural conhecido como “Arrecife dos Navios”. Desde então, a região portuária foi o ponto de chegada dos primeiros engenhos, dos imigrantes europeus e dos vilarejos que dariam origem ao atual Bairro do Recife.

Ao longo dos séculos, o Porto foi testemunha e protagonista de batalhas, ocupações estrangeiras, ciclos econômicos e transformações urbanas. “O Porto do Recife se confunde com a própria história da cidade. Recife só se tornou a metrópole que é hoje por conta deste Porto”, afirma Paulo Nery, presidente da empresa Porto do Recife S.A.

Com a primeira grande obra de modernização autorizada em 1909 e operação comercial iniciada em 12 de setembro de 1918, o Porto tornou-se um dos principais canais de exportação de açúcar do mundo. Desde então, ou por diversas fases istrativas — da concessão à empresa estrangeira até a federalização, sendo, desde 2001, gerido pelo governo de Pernambuco.

 

Atualmente, o Porto movimenta cerca de 2,2 milhões de toneladas de grãos por ano, destacando-se pela operação de granéis sólidos, como fertilizantes e açúcar, além de insumos industriais como bobinas de aço e barrilha. Mais de 90% do açúcar exportado por Pernambuco a por seus armazéns. É também por meio dele que chega todo o fertilizante utilizado na agricultura do Estado. “Hoje, somos parceiros estratégicos das principais cadeias produtivas pernambucanas”, destaca Nery.

A estrutura é robusta: 09 berços de atracação, dois armazéns para açúcar granel com capacidade para 200 mil toneladas, quatro armazéns alfandegados, entrepostos e pátios, somando 238 mil m² de áreas de armazenagem. A localização privilegiada no centro urbano do Recife é outro trunfo logístico, com o facilitado a sete capitais nordestinas e rotas internacionais para o Mercosul, Europa, África e América do Norte.

Mas o Porto do Recife quer ir além da logística. Sob a gestão atual, uma série de projetos culturais e turísticos estão em curso, entre eles a criação de um museu portuário com peças históricas, o incentivo à visitação pública e até a instalação de um oceanário. “Queremos abrir o Porto para a cidade. É um patrimônio vivo de todos os pernambucanos”, afirma o presidente.

A ambição é transformar o espaço num novo cartão-postal do Recife, sem comprometer as operações. “Essas iniciativas caminham juntas: reforçam nossa identidade e geram mais visibilidade”, garante. A proposta se conecta ao projeto Porto Novo Recife, que prevê intervenções urbanísticas, nova identidade visual e valorização da área portuária.

Na seara ambiental, o Porto também está se reposicionando. Um projeto da Coordenação de Meio Ambiente concorre atualmente a prêmio do Ministério do Meio Ambiente, e estuda-se a criação de uma Coordenação de Inovação e Tecnologia para impulsionar ações sustentáveis e soluções inteligentes. “Preservar o meio ambiente é inovar também. Queremos aliar tecnologia ao cuidado com os nossos recursos naturais.”

Do ponto de vista cultural, além do futuro museu, o Porto já se consolida como ponto de recepção de cruzeiros turísticos entre outubro e maio. Uma parceria com a Secretaria de Turismo e vem aprimorando a experiência dos visitantes com frevo, bolo de rolo, cachaça e calor humano. O resultado aparece nos indicadores: o índice de satisfação dos turistas (NPS) subiu para a faixa da excelência, com mais de 90% declarando intenção de retornar a Pernambuco.

Outra iniciativa em curso é a valorização dos trabalhadores. “Temos profissionais com 30, 40 anos de experiência, um capital humano riquíssimo que não pode ser desperdiçado”, defende Nery. O Porto abriga sete sindicatos portuários, representados na Intersindical, e mantém convênios com universidades como a UFPE, reforçando o papel como agente de formação e pesquisa.

A curto prazo, estão previstas ações como a dragagem para manter o calado dos navios, recuperação de armazéns e instalação de novas defensas. Os investimentos são feitos com recursos próprios e parcerias públicas. “Tudo o que arrecadamos com tarifas e locações é reinvestido aqui. O Porto do Recife é, acima de tudo, um ativo de Pernambuco.”

“Daqui a dois ou três anos, teremos um novo Porto do Recife”, aposta Paulo Nery. “Um equipamento bonito, moderno, superavitário — com uma história que honra o ado e impulsiona o futuro de Pernambuco.”

Mais de Vida Urbana