Polícia de SP investiga repórter que descobriu "máfia do INSS" por revelar patrimônio de delegado
Inquérito foi instaurado a pedido do delegado e apura suposto "crime contra a honra"
Publicado: 05/06/2025 às 15:44

A Polícia Civil de SP investiga o jornalista Luiz Vassallo (Foto: Divulgação/Polícia Civil de SP)
A Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito para investigar o jornalista Luiz Vassallo, do portal Metrópoles, após reportagem que revelou patrimônio milionário atribuído a um delegado paulista.
Presente em coberturas como a I da Covid-19 e a Operação Lava Jato, Vassallo é considerado um dos principais repórteres investigativos do Brasil. Ele também é o autor da série de reportagens que denunciou a “máfia do INSS”, em 2024, um ano antes de o esquema ser alvo da Polícia Federal (PF).
Já a matéria que motivou o inquérito da polícia paulista mostrava que o delegado Fábio Pinheiro Lopes teria blindado cerca de R$ 10 milhões, em fazendas, outros imóveis e capital integralizado, após ser citado em delação do empresário Vinícius Gritzbach, realizada em setembro de 2024. A reportagem foi publicada em março.
Gritzbach, que era acusado de envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC), itiu lavar dinheiro para traficantes e relatou pagamento de propina a policiais na delação. Em novembro de 2024, o empresário foi executado a tiros no Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Em meio à investigação do caso Gritzbach, o delegado Fábio Pinheiro Lopes foi afastado do comando do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) em dezembro de 2024. O inquérito que apurava o suposto recebimento de propinas, no entanto, já foi arquivado.
Inquérito
Segundo o Metrópoles, o jornalista foi intimado a “prestar esclarecimentos” na 2ª Divisão de Crimes Cibernéticos do Deic, na capital paulista, nesta quinta-feira (5/6). Em recuperação de uma cirurgia, entretanto, Vassallo ainda não prestou depoimento.
A notificação, que não especifica se o repórter iria depor na condição de testemunha ou de investigado, cita que “o não comparecimento estará sujeito às penas previstas no artigo 330 do Código de Processo Penal” (desobedecer a ordem legal).
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP), do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirma que “a convocação mencionada se refere à apuração de uma suposta prática de crime contra a honra, registrada e formalmente representada pelo referido delegado contra o profissional”.
“De acordo com a legislação vigente, uma vez comunicada a possível ocorrência de delito, cabe à autoridade policial adotar as providências legais cabíveis para a devida apuração dos fatos, observando o devido processo legal e os princípios que regem a investigação criminal”, diz a pasta.

